"HOMME LIBRE. TOUJOURS TU CHÉRIRAS LA MER"

Dec 30, 2007


Dec 27, 2007


Dec 9, 2007

O carro de bois ao pé da eira ainda depois era boa tarde o chapéu empurrado para trás é assim que me lembro então resolveram vir até aqui fizeram bem tem estado bom tempo quanto tempo ficam os bois com ar de tanto lhes fazer estar ali como noutro lado qualquer reagiam apenas às picadas das moscas que não os largavam e de vez em quando levantavam uma perna ou abanavam o rabo.
O verão viemos passar o verão aqui.
O Carocha descapotável adiava a questão do nacional socialismo a trinta quilómetros de Istambul numa tarde de verão onde cantávamos “Capri c’est fini” aos berros nos anos em que nem Capri nem nada estavam para acabar nos anos em que nunca morremos só mais tarde.

Dec 4, 2007

Regresso a Istambul

O calor instalara-se no ar dificultando o olhar sobre a seara não me lembro de existirem searas em Istambul só cá dentro é que vivo rodeada de searas como naquele dia de manhã na pousada em que abri as janelas e vi as searas nesse dia percebi que Istambul tinha searas e o mar de palha ficava bem misturado com o azul dos minaretes da cidade que divide o mundo entre o oriente e o ocidente a cidade próxima da cidade onde nos suicidamos sem fazer barulho o Bósforo a consentir que o atravessemos a pé sem juízo numa maluqueira de milagres sem perceber quando vamos perder o pé Ancara é demasiado longe Istambul embala-nos com a música antiga enrolada em vulvas contemporâneas numa modernidade de poetas loucos à procura de um olhar diferente.
Eu via o filme todos os dias pela primeira vez numa cinemateca improvisada debaixo da cama lembro-me de fechar os olhos e no fim guardar debaixo da cama a cidade e o rio.

"Há sempre qualquer coisa que está para acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda"


Nov 16, 2007

"É estranho como alguns encontros podem mudar o rumo de uma vida"

J. Huston, a propósito da amizade, da cumplicidade e do trabalho que ao longo de muitos anos o aproximou de H. Bogart




Nov 4, 2007



Oct 14, 2007


Sep 13, 2007

Sep 7, 2007

"Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor

Que me importa que batam
se não és tu, à porta?"

Fernando Assis Pacheco

"Imaginei-te assim á beira-mar,
Só porque o nosso quarto era tão estreito..."

David Mourão Ferreira

Sep 3, 2007

A miúda e o mar

- Miúda?

- Mar!

- O que fazes aqui, no escuro, neste cantinho, com todas as pessoas lá fora, a divertirem-se?

- Este cantinho é nosso, Mar. Eu sei que quando vens aqui vens à minha procura. É por isso que eu gosto de estar aqui. Este cantinho tem o nosso cheiro misturado com o cheiro a maresia…

- Vim dar-te um beijo. Porque é que nunca mais dissestes nada? Tínhamos combinado ir dar um passeio de barco, os, dois, lembras-te?

- Lembro-me, Mar, lembro-me. Queria tanto…a tua mão…

- A minha mão? Não me lembro onde está a minha mão…

- Aqui, Mar, aqui…

- Aqui está molhado, Miúda…

- Vês, é a tua mão que está a sentir…é o mar … a areia está húmida… aqui…

- Aqui?

- Aqui! É bom!

- Devias estar mais protegida!

- Contigo é bom sentir o mar a beijar a areia…é como se fossem namorados…

- Tu és tão louca, Miúda…tinha saudades tuas…vim cá dizer-te uma coisa…

( a Miúda de repente fica com medo)

- Diz, Mar, diz

- Parto daqui a algumas horas

( a Miúda chora, sem querer)

- Tu sabias, Miúda, eu disse-te. Mas eu volto!

( A Miúda procura reagir)

- Vai correr tudo bem, Mar. Vai correr tudo bem

- Há só uma lua, lembras-te, Miúda?

- Lembro-me, Mar, lembro-me

Aug 29, 2007

Tenho dito várias vezes que nasci para amar para viver definitivamente não nasci para trabalhar ponho as pessoas à frente das empresas não gosto de lixar ninguém e tenho uma paciência de santa que não sou em relação a milhares de merdinhas que não interessam nem ao menino jesus que caso seja o jc o menino quero eu dizer até acho que ele estava muito à frente ele ou alguém que contou a história lá nas coisas devotas não me meto que quando vejo filmes de terror olho para o lado sou terrena mas consigo imaginar alguém a quem chamaram jesus em Jericó talvez um dia o Marinheiro del Sur queira ir comigo até lá quem sabe espero que as casas conservem a traça original estou a brincar quero que as pessoas vivam bem e felizes mas sou sensível às questões estéticas a começar por mim que se eu achasse que era linda de morrer já teria telefonado ao meu amigo de quem tenho saudades indizíveis e que não pode estar zangado comigo só pode estar à espera que eu tenha a coragem de arriscar dar o primeiro passo depois desta zanga de namorados que não somos era a melhor prenda do mundo tratar-me por namorada no dia dos meus anos namorada assim assumida queres namorar comigo hoje quero claro que eu queria todos os dias mas em relação ao trabalho foda-se estou farta quero ir trabalhar para o monte selvagem e guiar um jipe e dar de comer às girafas e aos tigres e aos leões que se estiverem com a barriga cheia não nos comem e eu também não tenho vontade de os comer.

Aug 26, 2007

- Hugo Pratt!

- Diz

- Quando é que ela fez este desenho?

- Outubro de 2003

- Ah, bom, talvez entretanto tenha aprendido a desenhar…

- O que queres?

- Não estás nada parecido! Estás mais bonito!

- Deixa-te de parvoíces, o que queres

- Afinal só há uma lua….

- Estou a perder a paciência…

- Aqueles dois precisam da nossa ajuda!

- Confio em ti, Corto!

- Obrigado Hugo. Desculpa incomodar-te mas é uma emergência!

- Não faz mal. Estava com uma das tuas amigas!

- O QUÊ?!

- Calma Corto, calma….



- O porto não é o mesmo sem eles

- A Miúda sente-se bem longe da rebentação. Sem pé, onde o mar é profundo, onde pode ser surpreendida

- Onde a entrega é total

- Onde a entrega é total

- Onde ninguém é previsível

- Onde ninguém é previsível

- Eles não gostam do hábito

- O hábito não é desconhecido. É um domínio aparente que destrói a espontaneidade

- Se te entregares a uma pessoa tudo é permanentemente desconhecido

- Tudo é arriscado

- E é esse risco que o Marinheiro del Sur não quer correr. Não quer gostar demasiado dela

- Porquê?

- Porque não a quer magoar e não quer que mais ninguém o magoe. Lembras-te daquela brincadeira? Ele está sempre à espera que ela lhe apresente um namorado. Ele sabe exactamente como vai reagir nesse momento

- É por isso que ele nunca diz que gosta dela?

- Sim. Para ela não se iludir demasiado. Para ele poder partir quando quiser sem a magoar demasiado. E para ele se poder afastar com dignidade se for ela a partir

- Mas a Miúda adora-o … e a Miúda, aqui para nós, percebe essas coisas todas… ela quer que ele arrisque deixar-se ir …apesar do medo de ambos…ela só faz de conta que da parte dela a entrega não é total porque sente que ele ainda faz esses ‘jogos’ com ela … que ela desmonta mesmo sem querer porque para ela o Marinheiro não é uma conquista…é o homem mais fascinante do mundo…eu já a ouvi dizer isso…e aceita-o como ele é... e apesar de ela o desejar muito, tenho a certeza, aceita-o como amigo, se for isso que ele decidir…o que acha é um desperdício esta fuga constante…

- Estás a ser tão pirosa!

- Eu sou romântica. Gostava de os ver de novo juntos…

- Anda cá, pirosa!

- Que é?

- Arrisca! Só te digo quando estiveres aqui, ao pé de mim

- Vá, diz lá

- Deixa-me adivinhar o que estivestes a beber…

- Parvo…

- Que romântica…


Aug 20, 2007

- Quando crescer quero ser Amante, como o Marinheiro del Sur!


Aug 18, 2007

- Vou escrever uma canção sobre eles…o porto inteiro fala deles mas ninguém sabe do que está a falar…

- Uma canção de amor?

- Ah!...

- Sobre dois amigos?

- Ah!...

- Sobre essa coisa mágica chamada desejo?

- Ah!...

- Sedução?

- Ah!...

- Paixão! É a história de uma paixão impossível e inevitável?

- Ah!...

- Uma canção sobre o mistério, talvez?

- Ah!...

- Acho bem…adoro aqueles dois…

- Também!

- Fazes a música?

- Faço!

- E tu cantas?

- Canto!

- Vai ser um sucesso!

- Tens a certeza?

- Porquê?

- Porque tu nunca escreveste nada, ele nunca compôs nada e eu não sei cantar…

- Eles ensinaram-me a acreditar em coisas em que já quase ninguém acredita…

- Não acredito!

- O que é?

- Alguém que está 24h sobre 24h no teu coração independentemente da tua vontade?

- Ah!...




Aug 12, 2007





- Comemoremos! Finalmente ele esqueceu-a!

- Eu não teria tantas certezas…

- Porque dizes isso? Ele é como nós…sabe o que é realmente importante na vida!

- Ele não é como nós…não te iludas… e eles têm uma relação tórrida. Pode até ser de amizade, ninguém sabe bem, mas esta história não acaba aqui, vais ver…

- Confia nele. Ele não quer ligar-se demasiado a ninguém e a miúda não sabe viver à superfície…

- Tu achas que ela tem alguma piada…eu não percebo como é aquele palmo e meio de gente não o deixa indiferente…

- Pois, tu não percebes…mas eu percebo…e ele, o que achas dele?

- Ah, bom , ele…mas não te preocupes demasiado, eu não procuro a felicidade…

- Bebamos então às relações superficiais! Tchim tchim…que falta de imaginação, querer ser feliz…mas até eu vejo que ela é feliz quando está ao pé dele…isso é verdade…

- Pois, mas pelo que dizem no porto, imaginação é o que não lhes falta…e quanto a querer ser feliz, no fundo, no fundo, eu acho que ele também quer…

- O que é a felicidade comparada com tudo o que ele pode ter?

- O que é tudo o que podemos ter comparado com o prazer de estar, mesmo que por pouco tempo (quando amamos é sempre pouco o tempo…) com alguém que amamos ou de quem gostamos ?...

- O que queres dizer com isso, querida?

- Nada, nada, estava distraída…Tchim tchim querido! Tchim tchim…


Aug 9, 2007


Aug 8, 2007

- Aqueles dois são loucos! Aqui no porto já todos percebemos que não podem passar um sem o outro e passam a vida a arranjar desculpas para não estarem juntos mais do que dois minutos…eu quero lá saber se são só amigos, se são amantes, se são outra coisa qualquer mas caiam nos braços um do outro porque quando estão sozinhos falta qualquer coisa…até a mim…


Aug 6, 2007

A miúda e o mar

- Miúda, alguém decidiu por nós…mas porque é que a polícia se dirige para aqui? O que terá acontecido?

- Depois explico, Mar…Agora tenho que ir…


Aug 5, 2007


Je t'aime...moi non plus

"Je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh, mon amour...
Comme la vague irrésolu
Je vais je vais et je viens


je t'aime je t'aime
Oh, oui je t'aime !
Moi non plus
Oh mon amour...
Tu es la vague, moi l'île nue
Tu vas et tu viens


Maintenant
Viens !"

Serge Gainsbourg


A miúda e o mar

- Então, Miúda?

Oui, je veux
Oui, je veux
Oui, je veux

Tu veux ou tu veux pas?




A miúda e o mar

O Marinheiro del Sur, bem disposto, canta à sua amiga uma canção ‘de’ Brigitte Bardot:

« Tu veux ou tu veux pas ?
Tu veux c'est bien
Si tu veux pas tant pis …

Oui mais voilà réponds-moi
Non ou bien oui
C'est comme ci ou comme ça
Ou tu veux ou tu veux pas …

La vie, elle peut être très douce
A condition que tu la pousses
Dans la bonne direction
La vie, elle est là elle nous appelle
Avec toi elle sera belle
Si tu viens à la maison

Tu veux ou tu veux pas ?»

Ne me laisse pas l’aimer

" …
Pourtant c’est lui que tu veux


Je sais qu’un jour viendra
Tu tomberas dans ses bras


Non tu ne peux pas résister
Il sait que c’est plus fort que toi


Il est bien trop dangereux
Et comme il te veut
Un jour il t’aura"

A miúda e o mar

A miúda sabe que o Marinheiro del Sur está sozinho, afastado do porto, no seu barco. Pede emprestada uma lancha e vai ter com o seu amigo…


- O que é isto???!!!!!

- Dois, fresquinhos, fresquinhos, toque…

- Dois, Miúda?


A Miúda dá uma volta de 360 graus e desaparece …deixando o Marinheiro del Sur salpicado …com os dois copos nas mãos…


… Estava a brincar …esta miúda nunca mais cresce…pensa o Marinheiro del Sur e diz à sua amiga, entretanto de novo no porto:

- Eu espero, Miúda…eu também consigo aprender a esperar … mas não demores muito, por favor, os Gin Tónicos estão a começar a aquecer…


Alguns minutos mais tarde...
- O que é isto???!!!

- Aperitivos, Mar, para acompanhar!


Aug 3, 2007

A miúda e o mar

- Miúda, estás bem?

- Estou feliz!

- Um bocadinho feliz… foi o que combinámos…

- Um bocadinho muito grande feliz…um bocadinho do tamanho do Mar!

- ...encosta aqui, vem...

- Mar, eu não trocava estes bocadinhos por nada…

- Nem por mais bocadinhos? (diz o Mar com uma enorme ternura pela fragilidade da sua amiga)

- Oh… estás a falar a sério?

- Não. Claro que não! Tu sabes que fostes tocar num dos assuntos que me incomodam profundamente!

- Profundamente, Mar? O Amor?

- Não. O ciúme!

- E agora, Mar?

- E agora encosta aqui...encosta…

- Assim?

- Assim…

E o Marinheiro del Sur diz à sua amiga antes de começar a cantar...

- Mas tu foste corajosa! Sabias que eu não ia gostar!

- Sabia, mas era a verdade …

- Ouve, Miúda, vê se conheces…

“…my heart was beating fast,
I began to lose control,
I began to lose control,

I didn't mean to hurt you,
I'm sorry that I mad you cry,
I didn't want to hurt you,
I'm just a jealous guy,

I was feeling insecure,
You might not love me any more,

I was shivering inside,
I was shivering inside

I'm just a jealous guy
I'm just a jealous guy
I'm just a jealous guy…”

Aug 2, 2007

A miúda e o mar

- Miúda…

- Mar, chamaste-me?

- Chamei. Senta aqui

- É bom, aqui!

- Tu gostas de mim…

- Eu gosto de ti!

- Tu tens que aprender a esperar

- Eu aprendo, Mar, eu aprendo

- Eu nem sempre posso, ou quero…estar contigo. Percebes isso?

- Percebo, Mar, percebo…o que eu não percebo…

- O que tu não percebes, diz, fala Miúda, tu agora já falas

- O que eu não percebo é quando tanto faz

- Tanto faz, Miúda?

- Sim, quando para ti tanto faz fazeres uma festinha a uma das tuas amigas ou a mim…

- E fui eu que te disse que tanto faz? Nem parece teu, tu que pareces adivinhar o que estou a sentir…

- É o ciúme, Mar. Eu sei que tu costumas dizer ciúmes bah o que é isso mas eu não encontro outra palavra … eu só sou diferente porque paro…

- Tu és terrível, Miúda, e porque é que paras?

- Porque tu me disseste que quando gostamos de alguém devemos deixar essa pessoa ser feliz

- E se um bocadinho de mim for feliz ao pé de ti?

- Um bocadinho só nosso, Mar?

- Um bocadinho só nosso!

- ai, Mar, eu queria tanto…

- Sentes?

- Sinto!

- Não tens medo?

- Não! Tenho!

- Não!

- Não!

- Queres?

- Quero!

Aug 1, 2007

A miúda e o mar

- Mar…

- É bom ouvir-te dizer Mar…

- Quando uma pessoa diz que só pode estar com outra pessoa numa determinada altura é porque nas outras alturas não pode ou não quer?

- Depende

- Depende de quê?

- Depende de muitas coisas…por exemplo, se eu disser que só posso estar contigo…

- Não. Não continues. Por favor!

- Então essa confiança, Miúda?

- Uma miúda baixinha moldada em barro húmido que não pode ir ao forno…

- Nem precisa com o calor que está…deixa ver se o barro está duro…

- ai

- Vês, Miúda, posso continuar?

- Tenho medo

- Medo, Miúda? Já passastes por tantas aventuras complicadas, mesmo comigo

- Eu sei, mas não te esqueças que eu amo-te profundamente

- Pensas que me amas

- Não! Amo-te profundamente. Já estou quase a conseguir explicar porque é que eu te amo e porque é que tu me amas!

- Eu amo-te Miúda?! Para amar é preciso sermos profundos e eu não quero ser profundo!

- O Mar é profundo mesmo sem querer!

- ai

Jul 29, 2007

- Sou eu! Como está? Mas que poucas-vergonhas são estas? Desta vez foi longe de mais!

- Mas, Capitão

- Mas nada! …Desculpe, diga, mas o quê, o quê!!!!!!!

- Eu quero aprofundar o tema dos Amantes. Eu não posso nem quero censurar as pessoas e quando falamos sobre amantes falamos sobre tudo…

- Fala sobretudo sobre o que não deve! Sabe que eu sou um leitor assíduo do seu blog. Leu as nossas aventuras e eu tenho gosto em acompanhar as suas mas não percebe que gente mal intencionada pode interpretar mal essas liberdades de expressão, como vocês hoje em dia tanto gostam de apregoar?

- Com todo o respeito, está a ser conservador, Capitão. Viver já por si é um risco, Capitão, e ao longo da vida, há nossa volta, vai haver sempre gente mal intencionada, como o Capitão diz. Eu agradeço a sua preocupação, sei que é bem intencionada, mas como posso pedir às pessoas que falem de amantes sem falarem de…

- Não diga! Por favor não diga!

- Provavelmente não ia dizer o que o Capitão estava a pensar. Eu acredito no Amor. Sabe isso!

- Sei! Já percebi que se perdeu de amores pelo tal Marinheiro del Sur.

- Capitão, nunca amou?

- Menina, isso é pergunta que se faça? Ora, ora, ora…Bom, tenho que ir embora. Espera-me uma soirée d’Opera com a Srª C… (Que mal fiz eu?) Enfim… Procure ter juízo! Simpatizo consigo. Quer vir? Quando é que me apresenta o seu…

- Amante?

- Amante?!!!!!!!!!!!!!!!! A menina quer dar cabo de mim?

- Mas Amante a sério. Não é como estes amantes que afinal não são amantes!

- Não quero ouvir nem mais uma palavra. Amantes a sério, onde já se viu? O Marinheiro del Sur é casado????!!!!! É isso que me está a tentar dizer?

- Agora sou eu que me vou zangar consigo, Capitão. Adeus!

- Adeus?

- Adeus. Adeus mas não é aquele adeus ponto final, zanguei-me para sempre, vi-me livre de ti, final dramático, é adeus sobre este assunto não me consegue convencer, é mais isso

- A menina estava a precisar de ser internada num colégio de freiras!

- Posso começar já a organizar a minha fuga! Só não é com nenhum padre porque amo profundamente o Marinheiro del Sur e se ele não gostasse um bocadinho de mim até ele achava piada… Sabe que neste livro do Stendhal, “ Le rouge et le noir”, o noir refere-se à batina dos padres?

(O capitão responde espontaneamente)
- e le rouge?

- Eu achava que era à Paixão!

- Não me enerve mais! Está a provocar-me de propósito!

- Estou, normalmente não sou assim, mas também me magoou e eu não me zanguei consigo. Le rouge tem a ver com o sangue, ligado aos soldados, à guerra

- Nada de amores?

- Nada de amores

- Enfim, alguém com juízo, apesar de suspeito! Ele era um bocadinho comunista, não era?


- Ah, não! Desta vez quem vai pessoalmente explicar umas coisinhas à nossa amiga sou eu!


Je t'aime moi non plus

- Sim, uma mulher sem experiência de vida que de repente se sente tomada por uma paixão que nunca tinha experimentado…

- E ele, Mr. Sthendal?

- Para ele a emoção que sentia era prazer, não era paixão…sabe, “j’ai aimé la verité. Où est- elle? Partout hypocrisie…Non, l’homme ne peut se fier à l’homme…Il faut rester inconnu… »

- Um homem não pode deixar falar o seu coração, é isso?

- “Quand la présence continue du danger a éte remplacée par les plaisirs de la civilisation moderne, leur race (des hommes héroiques) a disparu du monde », disse-o Napoleão

- Mr. Sthendal, sabia que, cem anos mais tarde, DH Lawrence abordará de alguma forma as mesmas questões?




- “ Mas o amor, de quando em quando, como um calmante e um reconfortante, era bom”. – Amor? DHL?

- “Não havia lugar para expectativa ou esperança dentro dele”

- A esperança é sobretudo feminina, DHL?

- « Nós somos bolchevistas, embora não digamos a palavra. Pensamos que somos deuses, ou homens iguais a deuses. É como o bolchevismo. Precisamos de ser humanos, possuir um coração e um sexo, senão transformamo-nos em deuses, ou em bolchevistas, porque Deus e bolchevistas são uma e a mesma coisa, demasiado boas para poderem ser verdadeiras"

- Mas então acredita no amor?

- "Criança ingénua! Não, cem vezes não. O amor é outra das coisas imbecis dos nossos dias

- Mas acredita nalguma coisa?

- Eu, sim, intelectualmente acredito que tenho um bom coração, um pénis em boa forma, uma inteligência viva e a coragem de dizer “merda” diante de uma senhora”





- Mas o Guarda, DHL, parece-me diferente dos outros personagens masculinos. Este homem consegue amar?

- “ Naquele momento…daria toda a esperança na eternidade e tudo quanto tivera de bom até agora para a ter com ele e dormirem juntos. Parecia-lhe que a sua única necessidade consistia em dormir abraçado a ela (…) O guarda, à medida que ia amanhecendo, apercebia-se de que não valia a pena fugir à sua solidão. Tinha de viver sozinho para sempre, e, de vez em quando, lá teria uma compensação (…) Cada um podia avançar um passo e, se ela não avançava, ele não a perseguiria. Não devia persegui-la (…) O melhor era ir-se embora e esperar que ela voltasse (…) Voltou para trás lentamente, pensando, aceitando de novo o seu isolamento. Sabia que era melhor assim. Ela iria ter com ele, mas ele não podia andar atrás dela. Não valia a pena”

- Não valia a pena, DHL? ... Diga, diga, Mr, Sthendal

- « Seduzir directamente uma mulher que desejamos é o maior disparate. Se querem agradar a A não se esqueçam de começar por dar todas as atenções a B”

- Mr. Stendhal, É assim que os homens pensam?

- É assim que a maioria dos homens pensam

- Acredita que os homens conhecem bem as mulheres?

- Acredito que a maioria dos homens conhece bem a maioria das mulheres e nem a maioria dos homens nem a maioria das mulheres acreditam no amor

- Eu acredito!

(Mr. Stendhal e DHL riem-se, com um ar superior e tolerante, desvalorizando a minha afirmação, como se fruto de emoções irreflectidas e perguntam ao mesmo tempo:)

- A menina apaixonou-se?

Jul 26, 2007

O Amante de Lady Chatterley

Talvez me tenha enganado em relação ao livro do DH Lawrence. Talvez. Ainda é cedo, não vou dizer em que página estou mas posso dizer que neste momento estou a dar o benefício da dúvida e fico contente por ter decidido ler o livro até ao fim (se gostar muito paro antes do fim mas para isso é preciso a história dar uma grande volta…eu sou uma leitora exigente, D.H. Lawrence!)

Jul 24, 2007

Je t’aime moi non plus

- Stendhal e D. H. Lawrence, bem vindos ao Marinheiro del Sur. Digam!

- “ Mais, se disait-elle, je n’ai jamais éprouvé por mon mari cette sombre folie, qui fait que je ne puis détacher ma pensée de …»

- Amor, Mr. Stendhal ?

A miúda e o mar

- Obrigada Mar, o jantar estava delicioso!
- Ah, bom, muito obrigado, mas então porque é que quase não tocou na comida?
- É o amor, Mar, o amor, o meu estômago fica pequenino….
- E o que é que podemos fazer em relação a isso, Miúda?
- … A miúda fica com um ar pensativo, o Marinheiro del Sur faz de conta que não percebe e diz:
- Vem, deixo-te em casa

- Vem, Mar?
- Não posso, Miúda, não posso

Jul 23, 2007

A miúda e o mar

- Mar!
- Miúda!
- A tua mão…
O Marinheiro del Sur estende a mão em silêncio…
-É bom!
- ai, diz o Marinheiro del Sur a sorrir

- Miúda!
- Mar!
- Queres vir comigo?
- Quero!
- Não me perguntas onde?
- Não!
- Anda

Jul 22, 2007

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Não resisto compro o livro um posfácio razoável de André Malraux um prefácio do autor que não me deixa muito tranquila um livro que já tive vontade de abandonar mais do que uma vez mas que vou ler até ao fim.

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Começo a simpatizar verdadeiramente com a palavra amante o namorado a namorada o marido a mulher o amigo a amiga o amante a amante o amante a amante o amante a amante o amante a amante ele é o meu amante ela é a minha amante hum uma palavra que ainda consegue mexer com o nosso vocabulário afectivo quem é é o meu amante quem é é a minha amante mas então mas então nada somos amantes gostamos um do outro não é obrigatório que existam outros amamo-nos é isso que quer ouvir amamo-nos é por isso que somos amantes bom mas o filme não fala sobre amor não fala sobre amor não fala sobre amor não fala sobre amor não fala sobre amor quando li a crítica pensei que falasse sobre amor mas não faz mal porque é um belíssimo filme para recuperar o tema dos amantes no meu blog.

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Os amantes os amantes os amantes em anexo uma página de jornal com uma crítica do filme amanhã não vou trabalhar vou ver o filme

- Amantes??????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ela disse amantes?


Jul 18, 2007

A miúda e o mar

- Mar, tu gostas um bocadinho de mim!
- Eu?!
- Sim, tu!
- Finalmente a ganhar confiança em si?
- Sim!
- Eu gosto de amar! Não gosto de ser amado!
- Dissestes amar, Mar?
- Eu? Disse amar, quando? Não me lembro… Ah! Eu disse mar, eu gosto do mar, a maré está cheia, vês?
- Sim! E é bom vê-la assim, cheia, ao pé de ti!
- Estás a começar a falar mais miúda… já reparaste?
A miúda fica envergonhada
- Não queres que eu fale, Mar?
- Quero!
- Não desistas, Mar, por favor, não desistas!
- Não desisto de quê, Miúda? (o Marinheiro del Sur adora criar dificuldades à sua amiga)
- De nós, Mar, de nós!

Jul 17, 2007







Jul 14, 2007

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Jul 10, 2007

Rafael Alberti

"El mar. La mar.
El mar. ¡Sólo la mar!"


Baudelaire, "L'homme et la mer

Homme libre, toujours tu chériras la mer!
La mer est ton miroir, tu contemples ton âme"


A miúda e o mar

- Mar!
- Olá!
- Olá! Mar?
- Diz
- Como é que podemos mostrar que gostamos de uma pessoa?
- Vamos ter com essa pessoa e dizemos que gostamos dela
- EU GOSTO DE TI!
- Tu és terrível! No nosso caso não. Não podemos gostar um do outro…
- Porquê?
- Eu já fui ter contigo para te dizer que gosto de ti?
- Não…! Tu não gostas de mim?
- Eu gosto de muitas pessoas… também gosto de ti…mas não dessa maneira disparatada que tens de gostar de mim e que só te faz mal…
- A mim não me faz mal nenhum! Gostar de ti é bom! É MUITO BOM!
O Marinheiro del Sur disfarça a custo um riso claro e diz com um ar sério:
- Porque é que não viestes ter comigo quando cheguei, há uns dias atrás? Não estavas no porto…Porque é que nessa altura não me viestes dizer que gostavas de mim?
- Porque tive medo que te tivesses apaixonado outra vez e não me quisesses ver…
A Miúda começa a ficar aflita e está quase a fugir dali, a correr, como é seu hábito quanto se sente mais frágil
- Nem penses em fugir desta vez! Vem cá! Dá-me a tua mão…
A Miúda estende a mão, os olhos no chão
- Uma flor!
- É para ti! Trouxe esta flor para ti! Gostas?
- É linda!
Estou a começar a ter ciúmes dessa flor! Nunca me dissestes isso…
A Miúda faz um sorriso malandro e não diz o que está a pensar
- Talvez um dia diga, quem sabe…
- Hoje, Miúda, diz, fala comigo!
- Gostas de mim?
- Impossível não gostar um bocadinho de ti, mas um bocadinho de nada, quase que não é gostar nem um bocadinho… diz o Marinheiro del Sur a olhar com ternura para a sua amiga
- Agora queres que eu me vá embora, não queres?, pergunta a Miúda
- Ficas o tempo que quiseres, eu não te disse para ires embora
- Eu tenho que ir…a flor precisa de água…até logo Mar…

Jul 4, 2007

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Ligo o computador Lady Chatterley fala-me de Lady Chatterley.

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Quando nos aproximamos da casa onde vivo recebo um beijo meigo tão meigo o desenho dos lábios macios tão macios a adivinhar-se aqui aqui aqui a ficar assim tatuado o beijo aqui aqui aqui era raro ele dar um beijo assim mas eu tinha aprendido a guardá-los sabes a guardá-los a guardá-los a guardá-los a casa onde vivo estava iluminada a porta pesada de madeira aberta eles estavam ao fundo à beira mar tinham perdido o medo era bom sento-me nos degraus da varanda a olhar vagamente para eles não estou ali não estou ali não estou ali não estou ali.

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Tinha razão uma festa cruzo-me com pessoas que não estranham a minha presença caminho em direcção à varanda há pessoas na praia também a porta aberta entro directamente para a sala grande diferente hoje com pessoas o cheiro a comida mistura-se com o fumo o cheiro de cada pessoa olho para o tecto uma ventoinha de pás talvez não tivesse reparado naquele dia a sala está quente apesar da corrente de ar está quente aqui de repente gostou da festa que preparei para si gostou gostou gostou gostou gostou sinto-me envergonhada por ter sido apanhada naquela sala naquela festa são seus amigos quem quem quem quem quem queres conhecer diz-me diz-me diz-me diz-me aquele aquele aquele aquele riu-me vou a caminho de casa digo eu também deixa-me contar-te um segredo anda e estendeu-me a mão anda não tenhas medo um quarto no fundo da casa no fundo de um corredor estava fresco as portadas de madeira quase fechadas um fim de tarde antes de um fim de tarde anda anda anda anda anda anda não foi só o grupo de Malta que recebeu ameaças todos os grupos receberam recebeu alguma mensagem minha recebeu o que dizia diga o que dizia o que dizia não oiço não oiço não oiço não oiço não oiço não oiço.

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Não abrando a olhar para ninguém a olhar para nada não sei dizer como cheguei até aqui até à casa antes da casa onde vivo largo a bicicleta e sigo atrás do som uma canção uma voz feminina negra familiar não me admirava de encontrar na sala instrumentos de jazz uma ventoinha de pás no tecto um grupo de amigos a dançar a conversar a beber a comer a apanhar o sol do fim da tarde na varanda da casa antes da casa onde vivo.

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As horas não passavam um silêncio pesado conversas em voz baixa pelos cantos não que contássemos segredos não havia segredos para contar naquele dia não havia segredos não sabíamos mais nada era por isso que falávamos baixinho com medo de acordar o monstro com medo que ele nos ouvisse com medo que houvesse mais mortes era impossível trabalhar como se nada tivesse acontecido agarro em dois ou três papeis e vou para o terraço coisas em que estou a trabalhar talvez me consiga concentrar lá fora talvez consiga talvez consiga talvez.

Jul 1, 2007



A miúda e o mar

Raspa é um amigo louco da Miúda e do Mar. Nunca teve um tostão. Sobrevive de pequenos biscates, no porto, e acha que o espírito de Raspoutine baixou nele. Conhecedor profundo das aventuras de Corto Maltese, acredita que Hugo Pratt vai regressar para pôr fim ao polémico projecto de publicar novas aventuras do seu herói.

Questionado por um jornalista que lhe coloca a questão de Hugo Pratt ter sempre manifestado a vontade de Corto continuar a viver a sua vida mesmo depois do seu desaparecimento, Raspa diz:

- Eu conheço muito bem o Corto, salvei-lhe muitas vezes a vida, fui considerado o seu “melhor inimigo”, e faço quase tudo por dinheiro por isso posso dizer com propriedade que, se o Corto quisesse publicar mais aventuras não teria aguardado doze anos para o fazer! A amizade que liga Corto a Hugo Pratt não tem preço. Eu tentei propor-lhe esse negócio milhares de vezes, logo a seguir ao desaparecimento de Hugo Pratt e da última vez sabes o que é que o Corto me disse?

- Não

- Repetes outra vez isso, Raspoutine, e és um homem morto!

- Morto, disse eu incrédulo (o Corto também me salvou a vida várias vezes)?

- Acabou-se a nossa amizade! É isso que queres?

O jornalista da rádio local vira as costas a Raspa e vai repetindo para si próprio enquanto se afasta do porto:

- Este gajo é completamente louco…

A miúda e o Mar sorriem enquanto olham para o cartaz com um desenho de Corto, feito pelo Raspa e que ele empunha com um ar orgulhoso de um lado para o outro

Raspoutine, apresentado a Corto por Jack London


Jun 24, 2007


Jun 23, 2007

"…

They say you just believe
In hello and goodbye

They say I shouldn't dream
Of your face in the moon

Let them talk
Let them think what they want to
If it makes them feel happy that way



I know I'll always love you
No matter what they say"

Billie Holiday, They Say


- Descubra o que se está a passar com a nossa amiga comum!

- Mas, Capitão, e é preciso dar um murro na mesa? E a nossa partida de xadrez ?

- Viu as últimas coisas que ela publicou? Viu? Não fazem sentido, não consigo compreender! Eu sou um leitor assíduo, estava a ficar descansado, achava que ela estava a entrar nos eixos, entretida com umas coisas que andava a escrever, e de repente…

- Calma, Capitão, calma, eu vou descobrir…