"HOMME LIBRE. TOUJOURS TU CHÉRIRAS LA MER"

Jul 29, 2007

Je t'aime moi non plus

- Sim, uma mulher sem experiência de vida que de repente se sente tomada por uma paixão que nunca tinha experimentado…

- E ele, Mr. Sthendal?

- Para ele a emoção que sentia era prazer, não era paixão…sabe, “j’ai aimé la verité. Où est- elle? Partout hypocrisie…Non, l’homme ne peut se fier à l’homme…Il faut rester inconnu… »

- Um homem não pode deixar falar o seu coração, é isso?

- “Quand la présence continue du danger a éte remplacée par les plaisirs de la civilisation moderne, leur race (des hommes héroiques) a disparu du monde », disse-o Napoleão

- Mr. Sthendal, sabia que, cem anos mais tarde, DH Lawrence abordará de alguma forma as mesmas questões?




- “ Mas o amor, de quando em quando, como um calmante e um reconfortante, era bom”. – Amor? DHL?

- “Não havia lugar para expectativa ou esperança dentro dele”

- A esperança é sobretudo feminina, DHL?

- « Nós somos bolchevistas, embora não digamos a palavra. Pensamos que somos deuses, ou homens iguais a deuses. É como o bolchevismo. Precisamos de ser humanos, possuir um coração e um sexo, senão transformamo-nos em deuses, ou em bolchevistas, porque Deus e bolchevistas são uma e a mesma coisa, demasiado boas para poderem ser verdadeiras"

- Mas então acredita no amor?

- "Criança ingénua! Não, cem vezes não. O amor é outra das coisas imbecis dos nossos dias

- Mas acredita nalguma coisa?

- Eu, sim, intelectualmente acredito que tenho um bom coração, um pénis em boa forma, uma inteligência viva e a coragem de dizer “merda” diante de uma senhora”





- Mas o Guarda, DHL, parece-me diferente dos outros personagens masculinos. Este homem consegue amar?

- “ Naquele momento…daria toda a esperança na eternidade e tudo quanto tivera de bom até agora para a ter com ele e dormirem juntos. Parecia-lhe que a sua única necessidade consistia em dormir abraçado a ela (…) O guarda, à medida que ia amanhecendo, apercebia-se de que não valia a pena fugir à sua solidão. Tinha de viver sozinho para sempre, e, de vez em quando, lá teria uma compensação (…) Cada um podia avançar um passo e, se ela não avançava, ele não a perseguiria. Não devia persegui-la (…) O melhor era ir-se embora e esperar que ela voltasse (…) Voltou para trás lentamente, pensando, aceitando de novo o seu isolamento. Sabia que era melhor assim. Ela iria ter com ele, mas ele não podia andar atrás dela. Não valia a pena”

- Não valia a pena, DHL? ... Diga, diga, Mr, Sthendal

- « Seduzir directamente uma mulher que desejamos é o maior disparate. Se querem agradar a A não se esqueçam de começar por dar todas as atenções a B”

- Mr. Stendhal, É assim que os homens pensam?

- É assim que a maioria dos homens pensam

- Acredita que os homens conhecem bem as mulheres?

- Acredito que a maioria dos homens conhece bem a maioria das mulheres e nem a maioria dos homens nem a maioria das mulheres acreditam no amor

- Eu acredito!

(Mr. Stendhal e DHL riem-se, com um ar superior e tolerante, desvalorizando a minha afirmação, como se fruto de emoções irreflectidas e perguntam ao mesmo tempo:)

- A menina apaixonou-se?

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