"HOMME LIBRE. TOUJOURS TU CHÉRIRAS LA MER"

May 25, 2007

1

O asfalto cinzento claro pelo sol ou pelos anos não sei prolongava-se até à curva ao fundo na berma da estrada pequenos cactos verdes alguns com a cor esbatida como margens apesar do vento empurrar areia para dentro deste traço largo com buracos aqui e ali preenchidos pela areia deste ano ou do ano passado.
Dos dois lados havia pessoas dos dois lados ao longo do caminho a mistura dos cremes e da água salgada secos na pele as pranchas de surf a tiracolo os calções compridos os fatos abertos e descaídos até à cintura ainda com o mar por cima sem poder entrar.
Eu estava de saia cinzento dark escuro mesmo e uma blusa branca àquela hora a querer sair já pela cintura os fatos abertos até à cintura o mar eu abria o segundo ou o terceiro botão aquele já próximo de em princípio não poder abrir mais botões a deixar entrar o sol e o mar que me chegava através do som e do cheiro.
Do lado direito a praia para trás ficava a vila onde trabalhava ficava o museu do futuro ficava a sala de trabalho do primeiro andar com as portas grandes abertas sobre um terraço enorme com laranjeiras e gerânios e o ar do mar e cadeiras e mesas a convidar a conversarmos e a estudar ali e a tirar os sapatos às vezes.
No final do dia o mail misterioso a desejar a continuação de um dia bom a curva mais perto já ainda este calor estes miúdos num regresso breve às casas de verão o mar azul esta ária do lado direito sempre a mesma ária misturada com o barulho das ondas a namorar a areia e o cheiro de comida misturado com o cheiro do mar sinto-me atraída tão atraída tão atraída a curva antes da curva a casa antes da casa o mail misterioso esta ária sempre a mesma ária o final do dia este calor que atravessa a blusa branca e se instala no corpo peganhento com a humidade salgada de um mar a alguns metros.
Do lado direito um caminho feito de tábuas de madeira alinhadas tão alinhadas ladeado por areia e arbustos e árvores baixinhas a casa de madeira com as janelas do piso térreo abertas e cortinas em movimentos doces aproximo-me não das janelas mais evidentes as que estão neste momento mesmo à minha frente não contorno a casa pelo lado esquerdo e acompanho as paredes com a mão como se fosse uma miúda não como se fosse um ladrão não ainda não vou olhar para esta não posso devo guardar ainda por instantes este descontrolo não ouço cães só a ária misturada com o som do mar a alguns metros.

No comments: