"HOMME LIBRE. TOUJOURS TU CHÉRIRAS LA MER"

Jan 5, 2007

A palavra livre numa cidade livre

Astérix e o José de Almada Negreiros

“ Astérix fait valoir un Project moderne, une idée universelle à réaliser :celle de la résistance à l’oppression, pour la défense des libertés. Voilá l’idée abstraite, le système de valeur censé définir l’identité collective.
(…)
Astérix défend à l’évidence le principe d’un monde multipolaire, et reconnaît les réalités profondes que sont les nations et les peuples, comme le montrent les différents voyages chez les Bretons, les Helvètes ou les Ibères, qui passent en revue les stéréotypes culturels des identités étrangères. Cette idée de la souveraineté n’est ni agressive ni autarcique et rejoint la conception gaullienne d’une Europe des Nations, pour laquelle l’impératif d’indépendance, qui exclut toute intégration d’un État à un autre, n’empêche nullement la politique d’amitié entre les peuples."
Nicolas Rouvière

"O indivíduo nunca pertenceu a si mesmo. Pertence em absoluto à sua colectividade. E a sua colectividade é a sua própria Terra e mais aquela das cinco partes do mundo onde está a sua terra e mais o mundo inteiro também.
(…)
O destino não é coisa que se saiba pelas sinas, nem obra do acaso, nem artes para adivinhos ou leitores de palmas de mão, nem nada que se modifique com caprichos da fatalidade. O destino de cada indivíduo neste mundo está por cima do seu próprio caso pessoal.
O único procedimento para conhecer o destino de cada qual é este: Vai-se buscar uma esfera terrestre. Faz-se dar voltas ao mundo, e quando passe diante de nós aquela das cinco partes em que se divide a geografia, e que nos parece a mais bonita, procura-se aí com o dedo aquela terra que conhecemos como ninguém e onde entendemos tudo o que lá se diz e pronto, deixa-se ficar o dedo aí. É o dedo do Destino, e nós julgamos que é com o nosso dedo que indicamos no mapa.
E há seis milhões e meio de indivíduos que puseram o dedo no mesmo sítio. Seis milhões e meio de pessoas cujo destino é o mesmo.
E no mapa, exactamente nesse sítio, está escrito: Portugal.
E por cima de Portugal há um grande E, a primeira letra de uma palavra que começa em Portugal e que vai subindo para o Norte sempre em grandes letras, seis grandes letras, seis grandes letras que iluminam as cinco partes do mundo, seis grandes letras que juntam os povos mais independentes do mundo, até onde acaba a Rússia, que é debaixo das seis grandes letras da Europa, aquela terra dos indivíduos que ficam mais longe de Portugal.
E aqui é o destino único de seis milhões e meio de indivíduos neste mundo, aqui na Europa, aqui na Península Ibérica, aqui no sul e aqui no Ocidente da principal das cinco partes da Terra.
«A Europa é a mãe de numerosos filhos. E Goethe, o europeu, quem nos abre os olhos, para que tenhamos a consciência uns dos outros, para que tenhamos vergonha de nos caluniarmos e de nos odiarmos.
Para fazer uma Europa, é necessário uma Alemanha, um Portugal, uma França, uma Espanha, uma Inglaterra, uma Suíça, uma Itália e o resto. Será necessário também uma Ásia, duas Américas, uma África, uma Austrália, negros, vermelhos e amarelos para fazer, um dia, o mundo.
Goethe, poderoso alemão, não pretende que a Europa seja alemã, nem que a França ou a China o venham a ser alguma vez. Para que a Europa seja verdadeiramente ela mesma, é necessário que a Alemanha seja o mais alemã possível, a França o mais francesa que possa, a Espanha o mais espanhola, Portugal o mais português, Inglaterra a mais inglesa, e qualquer outra terra o mais ela própria porque apenas nos seus superlativos, nos seus máximos, nos seus cúmulos é viável o acordo, a colaboração entre os povos independentes e bem contornados pelas fronteiras invulneráveis.» (Goethe, Andres Suares.)
Lisboa, Abril 1932.
José de Almada Negreiros

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