"HOMME LIBRE. TOUJOURS TU CHÉRIRAS LA MER"

Jan 15, 2007

A miúda e o mar

A miúda estava há horas com o olhar fixo no mar. Tinha arrefecido e adivinhava-se no corpo o frio. Na alma, não se adivinhava nada. Impossível compreender esta figura misteriosa de mulher.

Muito baixinho, com a voz doce de quem conhece por dentro a sedução, alguém começa a cantar próximo dela, tão próximo dela:

“ Morena dos olhos d'água, tire os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale o sorriso que eu tenho pra lhe dar

O seu homem foi embora prometendo voltar já
Mas as ondas não têm hora, morena, de partir ou de voltar
Passa a vela e vai-se embora, passa o tempo e vai também…”

A miúda voltou-se. Era um amigo. Com os olhos cheios de ternura disse-lhe:
- Amar é não ter juízo
Levantando-se, fez-lhe uma festa leve nos cabelos e afastou-se, sozinha, com o mar dentro dela

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