"HOMME LIBRE. TOUJOURS TU CHÉRIRAS LA MER"

Apr 23, 2007

Mantenho secretamente um diálogo tão extraordinário quanto extraordinariamente humano com uma pessoa que me é muito querida e tenho a certeza (e ter a certeza de alguma coisa é neste caso extraordinário) que nos divertiríamos muito a explorar a dois diálogos ‘improváveis’ entre os homens e as mulheres. Com ele aprendi a rir com as histórias da Maitena, contemporâneas, inteligentes e que abordam sem dramas os ‘dramas’ quotidianos.

Ela, de calças de ganga justas e rabinho sintético, a deslocar-se em movimentos tipo atirar-se para a frente em cada passo, como se quisesse esquecer o desconforto o que não podia era perder o marido que seguia dois passos à frente e ele a fugir assim como quem diz eu e ela não temos nada a ver não sei se estão a ver, assim é que não. Ele de calções, óculos escuros de marca, olhos de um azul desbotado que se viram quando entrou, ar de o que foi agora, quando está com ela, lançando em surdina outros olhares como quem diz eu sou um gajo porreiro ao pé de mim são só festas ninguém se chateia em relação a ela que se lixe, aos fins de semana nem sempre consigo escapar. Ela, de repente, diz em voz alta: - Tens que limpar o barco! Está um nojo! Maitena fala destas coisas. Ele não respondeu.

Como é que se transformam diálogos que um dia foram por ventura afectivos num mal suporto a tua presença tens o que precisas o que é que queres mais ah eu sei muito bem o que é que quero mais etc os dois a enganarem-se a si próprios num compromisso de infelicidade.

(só tu consegues contra argumentar, dizer que eventualmente se amam loucamente. E o que percebo eu das relações entre os homens e as mulheres para dizer que não tens razão?)

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