"HOMME LIBRE. TOUJOURS TU CHÉRIRAS LA MER"

Mar 28, 2007

Não atravessamos as pessoas como turistas porque nos faltam os livros de História, os guias Michelin e a maioria dos monumentos que vemos têm uma história que desconhecemos. Só por isso. Os bairros chineses de Istambul aparecem referidos com a mesma leveza com que o Santana Lopes diz desanda Pacheco, isto é, como quem não quer a coisa mas no fundo quer, e a maioria das vezes percebemos que é impossível chegar às tasquinhas, àquele cantinho que ainda ninguém descobriu. (Cá está. A selecção de Portugal a arriscar muito o remate fora da área. Renaldo no ataque. Um minuto de descontos. O tempo que falta para acabar o jogo nesta primeira parte. Cá está Simão e foi lá o guarda-redes buscar a bola. O guarda-redes sérvio. Final do primeiro tempo em Belgrado). Adoro ouvir relatos de futebol. Cá está o exemplo de uma fachada. A maioria das pessoas dificilmente perceberá porque é que eu adoro ouvir relatos de futebol. A maioria das pessoas esgota-se em pouco tempo como um Allgarve que de repente o que interessa é vender e se o que está a dar são os outros então embora aí. Mas há pessoas cujas fronteiras têm um não sei o quê (atenção ao livre. Portugal precisa de repentismo na frente de ataque), um sorriso tão misterioso quanto convidativo, como se dissessem esta é a camada de fora que resulta de todas as outras camadas e é a única coisa que posso oferecer porque sou assim, este misto de medos escondidos que sedimentaram como rochas e que nem o carbono 14 adivinha a idade do primeiro qualquer coisa e aprendi sobretudo que muito dificilmente haverá mais primeiros qualquer coisa e se me quiser surpreender faça favor mas olhe que não vai ser fácil. A entrada (vai entrar o número sete. Um jogador mais defensivo) é de uma doçura extrema (vinte e sete minutos. Mantêm-se o empate. Mais dificuldades na transição defensiva. Pareceu-me falta e há…Doze minutos para terminar a partida e vamos ver como é que vamos sair disto). Não há saída porque nos surpreendemos como viajantes com todo o tempo do mundo, do nosso mundo, claro, da nossa Vida (Um minuto para os noventa. Portugal podia ter saído daqui com outro resultado, mas um empate aqui é um bom resultado)

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